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13-09-2010 23:54

A nossa nova página de Internet foi lançada pela grande necessidade de informar aos estudantes, professores e pesquisadores em geram, a temática que vem emergindo no país. Educar, com valores éticos e morais.

Métodos de alfabetização
Relacionar as diversas concepções e métodos de alfabetização aos seus pressupostos, aprofundando o conhecimento sobre a natureza das atividades de alfabetização pautadas na reflexão sobre a língua e sobre propostas metodológicas de resolução de problemas.
Atualmente, muitos professores ainda definem erroneamente o processo de alfabetização como sinônimo de uma técnica. De acordo com Ferreiro, tradicionalmente, as decisões a respeito da prática alfabetizadora tem se centrado na polêmica sobre os métodos utilizados. Métodos analíticos contra métodos sintéticos, fonéticos, contra global, entre outros.
Segundo Soares (2003), para uma criança ter acesso ao mundo da escrita são necessário duas vias; ter a técnica e saber como utilizá-la
Portanto, a escrita é denominada de técnica, pois para aprender a codificar e decodificar é preciso relacionar sons com letras, fonemas com grafemas e mais, é necessário também, saber segurar o lápis, aprender que se escreve de cima para baixo, da esquerda para a direita.
Os métodos sintéticos são: soletração e fônicos. Já os métodos analíticos são: palavração, sentenciação e métodos de contos. Segundo a autora, o método não cria conhecimento. O que é correto seria se interrogar, “através de que tipo de prática a criança é introduzida na linguagem escrita, e como se apresenta esse objeto no contexto escolar”.
 
Soletração: Juntar as letras
A “Carta do ABC” apresentada à Cora Coralina no começa do século XX, ainda faz parte das lembranças de infância de muitos professores. São métodos que caracterizam um tempo em que grande parte da população era analfabeta e a soletração não buscava a compreensão do texto, nem formar leitores, uma vez que só trabalhava com palavras soltas. Parafraseando Cora Carolina, leitura compreensiva ficava para segundo plano. “Afinal, vencer é mudar de livro”.
 
ba-be-bi-bo-bu: do método alfabético para o silábico.   
O método sintético de silabação ainda continua em uso, mesmo com as pesquisas realizadas por Emilia Ferreiro, tanto nas grandes cidades quanto no interior, por ser considerado fácil de aplicar. Porém nem todos os alunos, jovens, adultos ou crianças, se mostram capazes de entender o mecanismo da combinatória das sílabas, o mecanismo de codificação e decodificação, o apelo excessivo à memória e não à compreensão, o que gera pouca capacidade de motivar os alunos para a leitura e a escrita. A ordem de apresentação dos conteúdos é, ainda, hoje seguida: primeiro, são apresentadas as cinco letras que representam as vogais em seguida os ditongos, as silabas formadas com v, p, b, f, d, t, l, j, m, n. As dificuldades ortográficas aparecerem do meio para o fim do processo alfabetizatório, incluindo os dígrafos, as sílabas terminadas por consoantes e as letras g, z, c, s, e x.
Assim como ocorre na soletração, o método silábico separa os processos de alfabetização e letramento, assumindo o pressuposto de que a compreensão da leitura vem depois da aprendizagem do processo de decodificação.
 
Método fônico
O método fônico, ao ser aplicado pelo professor, investe na dimensão sonora da língua, isto é, para o fato de que as palavras, além de terem um ou mais significados, são formados por sons, denominados fonemas, unidades mínimas de sons de fala, representados na escrita pelas letras do alfabeto.
Além disso, o método ensina o aluno a produzir oralmente os sons da fala, representados pelas letras e unindo-os para formar as palavras. O método inicia o processo com palavras curtas, formadas por apenas dois sons representados por duas letras. Em seguida, estudam-se palavras de três letras ou mais. A preocupação é ensinar a decodificar os sons da língua, na leitura: e a codificá-los, na escrita.
 
Método da Abelhinha
Alzira S. Brasil da Silva, Lúcia Marques Pinheiro e Risoleta Cardoso, educadoras com ampla experiência de ensino e de pesquisa, são as autoras deste método que foi experimento na Escola Guatemala, na cidade do Rio de Janeiro, em 1965. Essa escola foi criada por Anísio Teixeira, vista como um centro de referência para inovações pedagógicas e recebia o apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP).
Sobretudo, esse método apresenta histórias cujos personagens estão associados à letras e sons.
Os sons são apresentados como “barulhos” que ocorrem, o mesmo acontecendo com a reunião de dois sons em sílabas. Da reunião de dois sons, a criança passa a três, e vai lendo palavras cada vez mais extensas; depois expressões, sentenças e historinhas. (SILVA ET.al., s/d, p.7)
 
A Casinha Feliz
Esse método foi criado pela pedagoga Iracema Meireles (1984), na década de 50. Tem uma longa trajetória de aplicação em escolas públicas e particulares e ainda está em uso.
A autora acreditava na aprendizagem por meio do jogo, propondo que a sala de aula fosse um espaço para criatividade e a livre expressão das crianças e começou a “personalizar as letras” e associá-las a figuras do universo infantil.
Meireles (2000) disse que ocorreu uma mudança importante quando:
 
[...] observando as turmas que se alfabetizavam, notou que as crianças adoravam as histórias e as letras/personagens, e esqueciam frases e palavras se ficavam alguns dias sem vê-las. Passou a contar histórias em função de apresentar as letras. Foi uma ousadia para a época (p.258).
 
A referida autora buscava facilitar a aprendizagem de novas combinações de letras, mas não comungava com as estratégias de memorização próprias da soletração e silabação. As letras são representadas como personagens de uma história: papai (p), mamãe (m), nenê (n) etc. O recurso didático, de boa qualidade, agradava, mas não era funcional porque as crianças decoravam as combinações de consoantes com vogais, como se faz na soletração (MEIRELS, 2000). A base do método era associar a forma da letra a uma personagem o qual, por sua vez, representava determinado som.
Segundo a autora, a história central de A Casinha Feliz (1999) pode ser “modificada a vontade e até substituída”. O essencial é que conduza à figura-fonema capaz de fazer sempre, se for consoante, o imprescindível barulhinho. Tudo mais é jogo, é dramatização, atividade criadora. (MEIRELES, 2000, P. 34)
É preciso descobrir formas mais provocativas de levar as crianças também a perceber que existem as inconsistências ortográficas, gerando situações de atividades que mostrem, por exemplo, o valor sonoro do “s” e do “r” intervocálicos e de outras regras ortográficas. Entender o princípio alfabético e de suas convicções ortográficas constituem uma das dimensões envolvidas nesta complexa aquisição.   A língua escrita tem várias funções relacionadas a determinadas convenções. Portanto, é necessário considerar o que as crianças podem conhecer sobre esta funcionalidade e sobre as convenções lingüísticas dela decorrentes.
Em virtude disso, reduzir o ensino da leitura e da escrita apenas a compreensão do sistema alfabético de escrita significa deixar de lado informações igualmente relevantes para a criança, pois que sentido faz escrevermos palavras e frases se esta escrita não encerra em si um valor comunicativo? A criança aprende a falar porque a fala tem funções comunicativas vitais para ela, mas nem sempre estamos alerta para isto quando ensinamos as crianças a escrever.
Percebe-se que um método de alfabetizar completa o outro, por isso que algumas delas são importantes nesse processo de ensino aprendizagem e favorecem a criança na construção da escrita, porém os métodos alfabéticos silábico e o fônico são os mais adequados na aquisição da escrita do aluno.  
 
Letramento e alfabetização: uma proposta inovadora
 
A perspectiva é que a alfabetização é algo que - chega a um fim, e pode, portanto, ser descrita sob a forma de objetivos instrucionais.
Letramento é um fenômeno de cunho social e salienta as características sócio - históricas ao se adquirir um sistema de escrita por um grupo social. Ele é o resultado da ação de ensinar e/ou de aprender a ler e escrever, denota estado ou condição em que um indivíduo ou sociedade obtém como resultado de ter-se “apoderado” de um sistema de grafia.
O letramento pode ser entendido como o ato de ler e escrever que deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisas que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos primeiro mudaram o mundo, depois revelarem o mundo e, a seguir, escreveram as palavras.
A língua escrita é um sistema de relações, com dois processos: ler e escrever. Na aprendizagem destes processos, a criança percorre longo caminho, passando por estágios evolutivos de elaboração, descritos por Ferreiro e Teberosky (1991).
Segundo as autoras, a língua escrita é um sistema de relações que não podemos dissociar a leitura da escrita, ambas devem andar sempre juntas, pois para um sujeito ser bom escritor deve antes de tudo ser um ótimo leitor,
Entretanto, o sucesso na alfabetização exige a transformação da escola em “ambiente alfabetizador”, rico em estímulos que provoquem atos de leitura e escrita, que permita compreender o funcionamento da língua escrita, possibilitando a apropriação de seu uso social e fornecendo elementos que desafiem o sujeito a pensar sobre a língua escrita.
Sobretudo, compreender a natureza alfabética do nosso sistema de escrita envolve diversos aspectos. Entender que apenas usa-se apenas uma letra para representar cada sílaba não é suficiente. Esta compreensão acontece gradualmente e na inovação da fase silábica para a fase alfabética, a criança produz uma escrita ainda estranha para os adultos, incompleta, pois ela é parte alfabética e parte silábica.
A apropriação da escrita é um processo complexo e multifacetado, que envolve tanto o domínio do sistema alfabético-ortográfico quanto à compreensão e o uso efetivo e autônimo da língua escrita em práticas sociais diversificadas. A partir da compreensão dessa complexidade é que se tem falado em alfabetização e letramento como fenômenos diferentes e complementares.
[...] Indivíduos ou grupos sociais que dominam o uso da leitura e da escrita e, portanto têm as habilidades e atitudes necessárias para uma participação ativa e competente em situações em que práticas de leitura e/ou de escrita têm uma função essencial, mantém com os outros e com o mundo que o cerca formas de interação, atitudes, competências discursiva e cognitivo que lhes conferem um determinado e diferenciado estado ou condição de inserção em uma sociedade letrada. (SOARES, 2002, p. 3)
 
De início, pode-se definir como o processo específico e indispensável de apropriação do sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilitam ao aluno ler e escrever com autonomia. Em outras palavras, alfabetização diz respeito à compreensão e ao domínio do chamado código escrito, que se organiza em torno de relações entre a pauta sonora da fala e as letras (e outras convenções) usadas para representá-las na escrita.
Considero que é um risco o que se vinha fazendo, repetindo-se que alfabetização não é apenas ensinar a ler e a escrever. É verdade que esta é uma maneira de reconhecer que não basta saber ler escrever, mas, ao mesmo tempo, pode levar também a perder-se a especificidade do processo de aprendera ler e a escrever, entendido como aquisição do sistema de codificação de fonemas e decodificação de grafemas, apropriação do sistema alfabético e ortográfico da língua, escrita. Um processo complexo, difícil de ensinar e difícil de aprender, por isso é importante que seja considerado em sua especificidade. Mas isso não quer dizer que os dois processos, alfabetização e letramento sejam processos distintos; na verdade, não se distinguem, deve-se alfabetizar letrando.
        
Como afirma SOARES (2002), a ênfase na faceta psicológica da alfabetização obscureceu sua faceta linguística fonética e fonológica: além disso, a ênfase na dimensão do letramento obscureceu a dimensão da alfabetização como processo de aquisição do sistema convencional de uma escrita alfabética e ortográfica.
 
De fato, é correto afirmar que alfabetização e letramento se somam, ou melhor, a alfabetização é um componente do letramento e que não podemos dá destaque a um e esquecer-se do outro, pois os dois devem andar sempre juntos para melhoria da educação.